segunda-feira, 26 de setembro de 2011

CORREDOR

Chove a noite toda em meu quintal. As gotas batendo contra a janela marcam o compasso da música, enquanto a fumaça do café quente dança. Com a cabeça recostada na cadeira, vejo os clarões dos relâmpagos formando figuras nas paredes, assombrosas ou familiares, desaparecem, partindo para outros lugares com o movimento das árvores. Ouço passos no andar debaixo, ouço meu filho me chamar. Digo a ele onde estou e ele pede que eu o venha resgatar. Faço um silêncio. Aguardo. Espero os passos pararem. Imagino que ele deva estar amedrontado, imóvel. Aguardo. Por um momento, penso em ir. Aguardo. Ele sabe onde eu estou. Digo que não tenha medo. Aguardo. Olho para a porta e vejo a pequena figura que atravessou os medos infantis do corredor escuro para alcançar refúgio. Com um sorriso no rosto, abro meus braços e ele corre, como se nenhum monstro pudesse lhe aflingir agora. Carrego-o e coloco deitado no meu peito. Ele fecha os olhos e começa a dormir ao som das gotas batendo contra a janela, marcando o compasso da música, com a fumaça do café ainda dançando e com os monstros das sombras das árvores aparecendo na parede. E ele aguarda. Aguarda a noite acabar, nos braços do pai para, enfim, viver novamente.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Só para relembrarmos as lições de Ruy Barbosa (especialmente nestes dias...)


"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as injustiças, de
tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a
desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".
(Ruy Barbosa)

domingo, 3 de outubro de 2010

JAZZ FM



Fique comigo Bob Parlocha,
Fique um pouco mais.
A noite é curta e o dia longo.
A voz do outro lado do rádio.
Da rádio do outro lado do continente.
Parecem bem mais próximas agora.
O dia foi uma fantasia, de medos e sonhos surreais.
A noite vem como alento, de quem cansado está.
Seu programa curto na madrugada longa.
Fique comigo Bob Parlocha,
Fique um pouco mais.